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(autor
desconhecido)
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Neste circo de horrores, poucos são os que se lembram que é de seres humanos que estamos a falar. Não sei qual a razão para o modo de vida caótico da cantora mas sei que quando ela mais precisou de apoio nunca o teve. Entre editoras discográficas, promotores de concertos e jornalistas, muitos foram os que fizeram dinheiro à custa dos seus problemas, mas poucos foram os que lhe deram a mão, os que procuram ajudá-la. A sua queda era mais proveitosa para os seus próprios bolsos.
E, infelizmente, este é um circo que não irá terminar com a sua morte. Nos próximos tempos teremos as reportagens chocantes sobre o seu fim, depois começarão a surgir livros que exploram o seu caminho de auto-destruição, mais tarde os discos ao vivo, as coletâneas, os discos de raridades, os DVDs. Nas próximas décadas não irão faltar novos discos da cantora, tudo em nome do lucro daqueles que se souberam aproveitar dela.
No entanto, para os verdadeiros apreciadores de música, ficará sobretudo a voz. Amarga, angustiada e angustiante, que parecia carregar em si todo o peso do mundo. Os dois registos com que nos brindou deveriam ser a única memória com que deveríamos ficar dela. Tendo em conta a beleza da sua arte, custa-me ver que a memória que deixará na maioria das pessoas será a fealdade da sua vida pessoal. Eu prefiro brindar à sua música e à sua voz.
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