Monday 25 July 2011

Um aviso para o mundo

Vista sobre o centro de Oslo logo
após o ataque (fonte: Wikipédia)
Depois do 11 de Setembro, habituamo-nos a associar terrorismo com o Islão. A magnitude do ataque da Al-Qaeda, associado com a queda de outras famosas organizações terroristas, como a ETA ou a IRA, fez-nos esquecer que o terrorismo tem diversas origens. Quando ouvimos ou lemos sobre este tipo de ataques, a primeira coisa de que nos lembramos é o extremismo Islâmico, que tem nos bombistas suicidas o seu principal método de ataque. Os acontecimentos da passada sexta-feira em Oslo vieram recordar os mais distraídos que o verdadeiro perigo não está no Islão mas sim no extremismo, seja qual fôr a sua origem.


De facto, na última década assistimos ao ressurgimento de vários partidos de extrema-direita, que se têm fortalecido, conseguindo mesmo eleger representantes em vários Parlamentos Europeus. Isto é apenas a ponta do iceberg, visto que existem várias organizações fascistas por todo o continente, que têm beneficiado da insatisfação com a atual situação económica para crescer. As semelhanças com a Europa pré-II Guerra Mundial (uma crise financeira causada por um crash de Wall Street, que levou a um empobrecimento da classe média um pouco por todo o mundo) são alarmantes e não podem ser ignoradas.

Não quero com isto dizer que acredito na possibilidade de novas ditaduras, ou que teremos novos Hitlers ou Mussolinis a declarar guerra contra os seus vizinhos. No entanto, a possibilidade de uma vaga de milícias bem organizadas, capazes de espalhar o caos e atacar grupos específicos de pessoas que identificam como sendo o inimigo, é muito provável. Anders Breivik, o confesso autor dos ataques de Oslo, é um homem culto e educado, muito bem informado acerca tanto da História da Europa como da sua atual situação política, social e económica. E é isto o que devemos temer.

No seu manifesto, Breivik menciona detalhes precisos sobre os passos que um movimento deve tomar para reclamar a Europa. Ele identifica os mais importante partidos de cada país pelo seu nome, com traduções corretas, apresenta dados sobre as populações Islâmicas de cada país, determina quais os mais abertos a receber imigrantes, e chega mesmo a identificar locais estratégicos, como refinarias ou centrais nucleares. O seu manifesto é um relatório detalhado de como conduzir uma guerra civil para limpar a Europa.

As suas palavras são perturbadoras, não tanto pelo seu conteúdo (a sua retórica é antiga e semelhante a outros que o antecederam), mas antes pelo seu conhecimento e determinação. Tenho a certeza que ele não é o único. E as crescentes desigualdades económicas só trarão mais adeptos para a causa duma Europa cristã, livre de imigrantes e predominantemente branca. Estes ataques foram um aviso para o mundo, e nós seremos tolos se não prestarmos atenção.

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