Friday 2 September 2011

O céu noturno de Lincoln Harrison


Lincoln Harrison é um fotógrafo amador de Bendigo, no estado Australiano de Victoria. Dotado de uma enorme paciência e de um ainda maior espírito de sacrifício, o sr. Harrison começou a passar noites no deserto australiano, junto ao lago Eppalock, para tirar fotografias de longa exposição ao céu noturno. Em alguns casos, chegou a passar 15 horas ao frio, mas os resultados compensaram inteiramente o seu esforço. As (fantásticas) fotos falam por si. (cliquem nas imagens para ver maior)







Artigo original: Daily Mail

Monday 25 July 2011

Um aviso para o mundo

Vista sobre o centro de Oslo logo
após o ataque (fonte: Wikipédia)
Depois do 11 de Setembro, habituamo-nos a associar terrorismo com o Islão. A magnitude do ataque da Al-Qaeda, associado com a queda de outras famosas organizações terroristas, como a ETA ou a IRA, fez-nos esquecer que o terrorismo tem diversas origens. Quando ouvimos ou lemos sobre este tipo de ataques, a primeira coisa de que nos lembramos é o extremismo Islâmico, que tem nos bombistas suicidas o seu principal método de ataque. Os acontecimentos da passada sexta-feira em Oslo vieram recordar os mais distraídos que o verdadeiro perigo não está no Islão mas sim no extremismo, seja qual fôr a sua origem.


De facto, na última década assistimos ao ressurgimento de vários partidos de extrema-direita, que se têm fortalecido, conseguindo mesmo eleger representantes em vários Parlamentos Europeus. Isto é apenas a ponta do iceberg, visto que existem várias organizações fascistas por todo o continente, que têm beneficiado da insatisfação com a atual situação económica para crescer. As semelhanças com a Europa pré-II Guerra Mundial (uma crise financeira causada por um crash de Wall Street, que levou a um empobrecimento da classe média um pouco por todo o mundo) são alarmantes e não podem ser ignoradas.

Não quero com isto dizer que acredito na possibilidade de novas ditaduras, ou que teremos novos Hitlers ou Mussolinis a declarar guerra contra os seus vizinhos. No entanto, a possibilidade de uma vaga de milícias bem organizadas, capazes de espalhar o caos e atacar grupos específicos de pessoas que identificam como sendo o inimigo, é muito provável. Anders Breivik, o confesso autor dos ataques de Oslo, é um homem culto e educado, muito bem informado acerca tanto da História da Europa como da sua atual situação política, social e económica. E é isto o que devemos temer.

No seu manifesto, Breivik menciona detalhes precisos sobre os passos que um movimento deve tomar para reclamar a Europa. Ele identifica os mais importante partidos de cada país pelo seu nome, com traduções corretas, apresenta dados sobre as populações Islâmicas de cada país, determina quais os mais abertos a receber imigrantes, e chega mesmo a identificar locais estratégicos, como refinarias ou centrais nucleares. O seu manifesto é um relatório detalhado de como conduzir uma guerra civil para limpar a Europa.

As suas palavras são perturbadoras, não tanto pelo seu conteúdo (a sua retórica é antiga e semelhante a outros que o antecederam), mas antes pelo seu conhecimento e determinação. Tenho a certeza que ele não é o único. E as crescentes desigualdades económicas só trarão mais adeptos para a causa duma Europa cristã, livre de imigrantes e predominantemente branca. Estes ataques foram um aviso para o mundo, e nós seremos tolos se não prestarmos atenção.

Sunday 24 July 2011

A morte de uma diva (Amy Winehouse: 1983-2011)

(autor desconhecido)
Não se pode necessariamente dizer que a morte de Amy Winehouse seja uma surpresa. O seu estilo de vida recheado de drogas e álcool era propício a uma morte súbita, causada por um qualquer exagero numa noite mais solitária. E este facto, o de não podermos encarar a sua morte como inesperada, é, para mim, o elemento mais triste da sua estória. É o reflexo dum mundo em que nos entretemos a ver a queda das estrelas que um dia amamos, em que assistimos às suas espirais rumo ao fundo do poço como vemos um filme-catástrofe. Enquanto estas estrelas caem, nós esperamos avidamente pelos relatos pormenorizados dos media sobre o degredo das suas vidas.

Neste circo de horrores, poucos são os que se lembram que é de seres humanos que estamos a falar. Não sei qual a razão para o modo de vida caótico da cantora mas sei que quando ela mais precisou de apoio nunca o teve. Entre editoras discográficas, promotores de concertos e jornalistas, muitos foram os que fizeram dinheiro à custa dos seus problemas, mas poucos foram os que lhe deram a mão, os que procuram ajudá-la. A sua queda era mais proveitosa para os seus próprios bolsos.

E, infelizmente, este é um circo que não irá terminar com a sua morte. Nos próximos tempos teremos as reportagens chocantes sobre o seu fim, depois começarão a surgir livros que exploram o seu caminho de auto-destruição, mais tarde os discos ao vivo, as coletâneas, os discos de raridades, os DVDs. Nas próximas décadas não irão faltar novos discos da cantora, tudo em nome do lucro daqueles que se souberam aproveitar dela.

No entanto, para os verdadeiros apreciadores de música, ficará sobretudo a voz. Amarga, angustiada e angustiante, que parecia carregar em si todo o peso do mundo. Os dois registos com que nos brindou deveriam ser a única memória com que deveríamos ficar dela. Tendo em conta a beleza da sua arte, custa-me ver que a memória que deixará na maioria das pessoas será a fealdade da sua vida pessoal. Eu prefiro brindar à sua música e à sua voz.